segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Violação dos Valores Humanos

A
ctualmente a comunidade humana vive rodeada de uma série de mecanismos e outras estruturas que contribuem para que o ser humano possa viver melhor como tal, e possuir dessa forma melhores condições de vida. No entanto o que se assiste ao fim ao cabo é a existência de um ser humano egoísta, não social e capaz de usar qualquer oportunidade para beneficiar mais e mais desse bem-estar, sem olhar a meios. Mesmo que essa opção possa provocar prejuízo ou infortúnio a outros indivíduos, ou até violar a sua dignidade humana. Acerca deste assunto podemos englobar diferentes problemáticas que afectam a sociedade, como o racismo, a xenofobia, a corrupção, o crime, entre outras formas deste tipo de violação, que encontramos diariamente em todos os meios de média. Todos os dias, somos bombardeados por notícias de jornais, cartazes que vemos rapidamente quando vamos de carro, mas que rapidamente se abstraem da nossa mente, porque logo de seguida nos surge uma outra informação acerca de um outro qualquer assunto. No fundo o ser humano é informado de todas estas problemáticas, mas é de uma forma tão rápida confrontado com tanta informação que acaba por não dar a devida atenção a aspectos importantes. Quando ligamos a televisão ou a rádio ou simplesmente ao desfolhar de um jornal, vemos notícias de mais um assalto à mão armada que provocou mortes, ou que temos mais um representante político corrupto que desviou, não sei quantos milhões de euros, ou até mais um grupo de pessoas de etnia ou raça diferente que foi agredida e penalizada social e economicamente apenas devido ao facto de ser racial e etnicamente diferente. No entanto estas informações passam a ser o quotidiano de todos nós como cidadãos e não dispomos a devida atenção a estes fenómenos. Porque isto é mesmo grave, é uma problemática que vai contra todos os valores e dignidade humana, mas parece que ninguém quer saber.
Todo o ser humano como cidadão que é considerado, e que vive em sociedade não pode continuar a agir desta forma, ou melhor deve começar e tomar a iniciativa de agir. Agir requer que se reflicta e que se sigam os verdadeiros valores e que ao pensarmos, não coloquemos a dignidade de outro em causa. Pois o que assistimos é a um reagir do ser humano, ou seja, este comporta-se como um animal não racional, que é orientado por impulsos e todas as suas acções são baseadas em desejos imediatos que não são devidamente ponderados e que não sofrem uma reflexão quanto aos prós e contras, principalmente uma reflexão quanto aos contras.
Mas afinal, será que este desrespeito mútuo entre seres humanos é de agora? Será que agora esse desrespeito é maior? Ao colocarmos na nossa mente facto históricos, concluímos facilmente que o desrespeito por alguns valores era muitas vezes ignorado e a dignidade humana nem sequer existia na maior parte dos casos. Exemplo disso mesmo eram os regimes ditatoriais, em que um indivíduo que à partida tem os mesmo direitos e deveres perante a sociedade em que se insere que todos os outros que nela coabitam também. No entanto, este para o seu próprio bem e seguindo princípios imperialista e de carácter poderoso, apodera-se do “controlo da sociedade” e manipula os outros cidadãos, muitas vezes obrigando-os a trabalhar para ele, sem condições, maltratados, violentados, extorquidos, entre outras acções que se podem classificar de imorais. Com o passar do tempo a mentalidade do ser humano alterou-se, deu-se uma revolução e explosão ao nível do desenvolvimento científico-tecnológico, isto surgiu principalmente após a 2ªGuerra Mundial, que através da assinatura de vários acordos entre os países permitiu uma paz mais ou menos “robusta” que desencadeou este desenvolvimento. Paralelamente, foram formadas instituições e organizações que têm por fim assegurar e promover a divulgação dos direitos humanos e dos valores de dignidade humana que nunca deviam ser violados. Anteriormente a estas organizações pode-se tentar facilmente compreender o porque de todas aquelas violações dos direitos do homem e do respeito pela sua dignidade. E será que agora faz sentido ainda a existência desta violação de valores? Será o ser humano realmente racional? Cientificamente está provado que o ser humano é um ser racional, no entanto este continua a agir sem respeitar valores dignos para o ser que é e não respeita a dignidade. Existem organizações mundiais, ou mais restritas a um determinado país ou continente, que promovem medidas de correcção a atitudes que o ser humano toma e que violam a dignidade. O ser humano como racional, deveria ter a capacidade de corrigir os seus actos, sem ser preciso a intervenção destas organizações. Actualmente assistimos muitas vezes às mais repugnantes formas de maltratar seres humanos, violar os seus direitos, a sua própria dignidade. Somos confrontados com entidades de grande prestígio e de algum reconhecimento na sociedade em que se insere, que deveriam ser as primeiras a dar o exemplo e a promover esses direitos, a serem acusados de pedofilia, por exemplo, em que crianças inocentes são torturadas, exploradas sexualmente, podendo impedir que no futuro o homem ou a mulher que se irá desenvolver não possa porventura ter filhos. Pior ainda os danos morais e psicológicos causados nesse indivíduo, o sofrimento causado… Outras formas de violar esta dignidade, e principalmente a igualdade entre seres humanos, é quando há corrupção, que embora possa não nos afectar directamente, existem pessoas que foram prejudicadas e passaram a viver na miséria, ao fim de anos de trabalho para conseguirem, de forma honesta, uma vida minimamente decente e de qualidade, prejudicadas por um indivíduo que não olha a meios para atingir os seus fins ou objectivos e consegue extorquir esse “pequeno tesouro” de outro individuo que trabalhou. Embora seja de certa forma menos forte, se quisermos, acaba por ser um grande desrespeito à igualdade, e uma enorme violação aos valores. Ponhamo-nos por instantes na situação de um trabalhador que dedicou uma vida inteira, ou parte dela a trabalhar para a sua vida e para o bem da sua família e é roubada, ficando sem nada por causa de um irracional que por não querer trabalhar, decide ganhar a vida imoralmente e de uma forma étnica totalmente incorrecta. Infelizmente existem inúmeras formas de desrespeitar estes valores, a dignidade e inferiorizar outros indivíduos em prole de outro que é imoral.
Será que as organizações ou instituições que surgiram após a 2ª Guerra Mundial, têm como fundamental objectivo ajudar a promover os valores e a paz no mundo ou funcionam apenas como uma empresa que visa apenas o lucro? No final da guerra, deu-se a queda mais ou menos sequencial das ditaduras e dos regimes de opressão em quase todo mundo, o que permitiu esta visão, liberdade de escolha, opção e iniciativa. Não precisamos de ir muito longe para constatar que existem certos pontos duvidosos na constituição de algumas organizações, por exemplo, aqui mesmo em Portugal existem organizações de ajuda humanitária, que distribuí alimentos ou outros bens pelos mais desfavorecidos (muitos destes foram vítimas de violações expressivas dos valores da dignidade humana). Estas organizações muitas das vezes necessitam do apoio de pessoas mais abastadas que contribuem para o apoio desta instituição, pois estas carecem de bens que necessitam para ajudar. Então porque alguns administradores destas organizações recebem salários exorbitantes, na ordem dos milhares ou até milhões quem sabe, que poderiam ser utilizados para ajudar estes desfavorecidos. Será que estes que estão à frente de uma organização de caridade ou ajuda humanitária que deveria defender os direitos humanos trabalham mais que um outro individuo que acorde as 7 da manhã trabalha arduamente um dia inteiro, que chega a casa tardíssimo muitas das vezes, e que depois ainda tem a sua família e casa, que precisa de cuidar e que em certos casos ainda têm de trabalhar em casa sem serem remunerados pelas suas designadas horas extras.
No futuro será igual, o ser humano irá agir, ou melhor reagir da mesma forma, ou quem sabe talvez pior, porque a diferença entre seres humanos vai acentuar-se, e isto devido a um aumento do desrespeito e da violação do direitos do homem. De facto, não citei homem como ser social, mas sim apenas como concepção que temos de que é cidadão e de que vive em sociedade. Será que Aristóteles está certo quando afirma que “O Homem é um ser social”? Talvez não, pois o que se verifica não é uma vivência em sociedade, em que todos deveriam se cingir a princípios básicos de cortesia e respeito mútuo, em que a dignidade de todos, passo a reforçar, de todos os cidadãos é respeitada, e uma sociedade em que como base está um fim comum e não a obtenção de fins individuais e que condicionam os direitos de alguns. Na maior parte das vezes, para que um atinge os seus fins pessoais, é necessário a violação dos valores da dignidade humana de uma infinidade de cidadãos. O ser humano é considerado social porque necessita de estabelecer relações entre outros seres humanos, e será que estabelece mesmo relações, ou não passam de ligações estritamente necessárias, interesseiras e falsas que visam o interesse individual.
Em jeito de conclusão, o ser humano pode não ser um verdadeiro cidadão, ser social pertencente a uma sociedade em que todos se deveriam respeitar entre si, a dignidade humana é tomada como razão a tomar sempre em conta e os seres humanos se relacionem entre si de uma forma verdadeira e consciente. É importante reflectir sobre este problema, pois talvez devêssemos tomar uma atitude mais racional e passar a agir segundo princípios de respeito mútuo e não apenas a reagir a desejos imediatos, sem nunca pensar nas consequências para com terceiros.
Henrique Silva Fernandes, nº9, 11ºB

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