segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dia Internacional da Filosofia (19 de Novembro)

O Dia Mundial da Filosofia foi instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Todos os anos ele é comemorado na terceira quinta-feira do mês de Novembro.

FILOSOFIA (Demonstração e Argumentação )

Na argumentação a conclusão é mais ou menos plausível; as provas apresentadas são susceptíveis de múltiplas interpretações, frequentemente marcadas pela subjectividade de quem argumenta e do contexto em que o faz. Na argumentação procura-se acima de tudo, convencer alguém que uma dada tese é preferível à sua rival. É por isso que só se argumenta nas situações em que existem várias respostas possíveis. Toda a argumentação implica deste modo o envolvimento ou comprometimento de alguém em determinadas teses.

Na demonstração a conclusão é universal, decorrendo de forma necessária das premissas, e impõe-se desde logo à consciência como verdadeira; as provas são sem margem de erro e não estão contaminadas por factores subjectivos ou de contexto. A demonstração assume um carácter impessoal. É por isso que podemos dizer que a mesma foi correcta ou incorrectamente feita, dado só se admitir uma única conclusão.

Trabalhos dos alunos (Filosofia)

Visão do ser humano perante si e o mundo

A importância de fazermos uma introspecção, uma pausa para pensar na vida, uma reflexão acerca do Mundo, uma procura do conhecimento geral, é bastante relevante para nos formarmos enquanto pessoas e verdadeiros seres humanos. Aquilo que melhor nos caracteriza é, sem dúvida, o pensamento. Temos em nossa posse algo de muito valioso e, por isso, devemos fazer uso dessa mesma capacidade que tão bem nos difere dos outros seres vivos. E dar-lhe verdadeira utilidade, começa a partir do momento em que nos questionamos sobre nós próprios, isto é, quando cada um de nós se pretende conhecer. É nessa altura que decide conhecer o outro.
O ser humano tem a grande necessidade de interagir, precisa de um meio em que se possa sentir devidamente integrado e com o qual possa conviver. Esse meio é a sociedade, que o molda e o transforma a partir do momento em que vem ao Mundo. A questão que se coloca é: será que a sociedade torna melhor ou pior o ser humano? Todos os valores e ideologias que fazem parte da nossa vida foram-nos incutidos pela sociedade desde cedo, porque, por mais que tentemos, pelo menos no início da nossa vida, somos sempre influenciados por ela. No entanto, temos o direito de escolher, de tomar as decisões que quisermos. E apercebemo-nos disso, essencialmente, quando fazemos a tal introspecção e tomamos consciência do que somos e de tudo o que nos rodeia.
A auto-reflexão deve começar com a vontade e curiosidade para ir ao mais profundo de si; encontrar-se-ão desde emoções, sentimentos, ideologias a sonhos, pensamentos e perguntas sem resposta que pairam na mente. É nessa altura que nos apercebemos que não só de uma forma impulsiva mas também controlada conscientemente, nós vamos dominando o nosso ser e o mundo que nos rodeia. Esse domínio será tanto maior quanto melhor estivermos preparados, isto é, será de todo conveniente que já se tenha passado por um processo de reflexão como forma de prever as diversas situações que se nos oponham.
Tendo como referência duas situações distintas de dois seres igualmente racionais, é possível compreender a importância do estudo interior, de uma auto-reflexão. Supondo que há um individuo cuja mentalidade se baseia no “tomar consciência de si e dos outros”, que reflecte acerca da sua vida, dos seus objectivos no Mundo, que procura um rumo para seguir, que toma as suas decisões sem qualquer tipo de interferência, e um outro, cuja presença no mundo é marcada apenas pelo facto de existir, sem procurar saber o sentido da sua existência, sem pensar sequer em procurar explicações, e que vive apenas à base do impulso e do agir sem pensar, irão destacar-se importantes diferenças entre eles, nas suas perspectivas sobre o que os rodeia e nas suas acções. Em qualquer tipo de situação com que eles se deparem, as suas escolhas e atitudes serão diferentes. Num momento negativo das suas vidas, certamente, aquela pessoa que se conhece, que sabe as suas limitações e aquilo que consegue fazer, lidará de forma mais consciente e terá mais sucesso, pois sabendo que pode controlar a sua forma de pensar, de sentir e de agir, terá uma atitude mais activa de procura do seu bem-estar. Enquanto que o outro indivíduo terá uma atitude mais passiva, deixando-se levar pelas circunstâncias em que se encontra, pelos seus impulsos e como não tem qualquer tipo de objectivo nem um qualquer trilho para seguir, deixar-se-á levar a baixo.
Tudo o que foi dito, resume-se a uma ínfima parte daquilo que trata a filosofia. Desde a altura em que nos propusermos a usar o pensamento e quisermos ir mais além, estaremos a fazer uso dela, e isso permitir-nos-á ser pessoas melhores e com mais conhecimento. Deste modo, a convivência na sociedade e no mundo será bastante mais fácil, e todos estarão a ser levados pelo mesmo, que consiste em ser verdadeiros seres racionais.
Cláudia Costa, 11ºB
Violação dos Valores Humanos

A
ctualmente a comunidade humana vive rodeada de uma série de mecanismos e outras estruturas que contribuem para que o ser humano possa viver melhor como tal, e possuir dessa forma melhores condições de vida. No entanto o que se assiste ao fim ao cabo é a existência de um ser humano egoísta, não social e capaz de usar qualquer oportunidade para beneficiar mais e mais desse bem-estar, sem olhar a meios. Mesmo que essa opção possa provocar prejuízo ou infortúnio a outros indivíduos, ou até violar a sua dignidade humana. Acerca deste assunto podemos englobar diferentes problemáticas que afectam a sociedade, como o racismo, a xenofobia, a corrupção, o crime, entre outras formas deste tipo de violação, que encontramos diariamente em todos os meios de média. Todos os dias, somos bombardeados por notícias de jornais, cartazes que vemos rapidamente quando vamos de carro, mas que rapidamente se abstraem da nossa mente, porque logo de seguida nos surge uma outra informação acerca de um outro qualquer assunto. No fundo o ser humano é informado de todas estas problemáticas, mas é de uma forma tão rápida confrontado com tanta informação que acaba por não dar a devida atenção a aspectos importantes. Quando ligamos a televisão ou a rádio ou simplesmente ao desfolhar de um jornal, vemos notícias de mais um assalto à mão armada que provocou mortes, ou que temos mais um representante político corrupto que desviou, não sei quantos milhões de euros, ou até mais um grupo de pessoas de etnia ou raça diferente que foi agredida e penalizada social e economicamente apenas devido ao facto de ser racial e etnicamente diferente. No entanto estas informações passam a ser o quotidiano de todos nós como cidadãos e não dispomos a devida atenção a estes fenómenos. Porque isto é mesmo grave, é uma problemática que vai contra todos os valores e dignidade humana, mas parece que ninguém quer saber.
Todo o ser humano como cidadão que é considerado, e que vive em sociedade não pode continuar a agir desta forma, ou melhor deve começar e tomar a iniciativa de agir. Agir requer que se reflicta e que se sigam os verdadeiros valores e que ao pensarmos, não coloquemos a dignidade de outro em causa. Pois o que assistimos é a um reagir do ser humano, ou seja, este comporta-se como um animal não racional, que é orientado por impulsos e todas as suas acções são baseadas em desejos imediatos que não são devidamente ponderados e que não sofrem uma reflexão quanto aos prós e contras, principalmente uma reflexão quanto aos contras.
Mas afinal, será que este desrespeito mútuo entre seres humanos é de agora? Será que agora esse desrespeito é maior? Ao colocarmos na nossa mente facto históricos, concluímos facilmente que o desrespeito por alguns valores era muitas vezes ignorado e a dignidade humana nem sequer existia na maior parte dos casos. Exemplo disso mesmo eram os regimes ditatoriais, em que um indivíduo que à partida tem os mesmo direitos e deveres perante a sociedade em que se insere que todos os outros que nela coabitam também. No entanto, este para o seu próprio bem e seguindo princípios imperialista e de carácter poderoso, apodera-se do “controlo da sociedade” e manipula os outros cidadãos, muitas vezes obrigando-os a trabalhar para ele, sem condições, maltratados, violentados, extorquidos, entre outras acções que se podem classificar de imorais. Com o passar do tempo a mentalidade do ser humano alterou-se, deu-se uma revolução e explosão ao nível do desenvolvimento científico-tecnológico, isto surgiu principalmente após a 2ªGuerra Mundial, que através da assinatura de vários acordos entre os países permitiu uma paz mais ou menos “robusta” que desencadeou este desenvolvimento. Paralelamente, foram formadas instituições e organizações que têm por fim assegurar e promover a divulgação dos direitos humanos e dos valores de dignidade humana que nunca deviam ser violados. Anteriormente a estas organizações pode-se tentar facilmente compreender o porque de todas aquelas violações dos direitos do homem e do respeito pela sua dignidade. E será que agora faz sentido ainda a existência desta violação de valores? Será o ser humano realmente racional? Cientificamente está provado que o ser humano é um ser racional, no entanto este continua a agir sem respeitar valores dignos para o ser que é e não respeita a dignidade. Existem organizações mundiais, ou mais restritas a um determinado país ou continente, que promovem medidas de correcção a atitudes que o ser humano toma e que violam a dignidade. O ser humano como racional, deveria ter a capacidade de corrigir os seus actos, sem ser preciso a intervenção destas organizações. Actualmente assistimos muitas vezes às mais repugnantes formas de maltratar seres humanos, violar os seus direitos, a sua própria dignidade. Somos confrontados com entidades de grande prestígio e de algum reconhecimento na sociedade em que se insere, que deveriam ser as primeiras a dar o exemplo e a promover esses direitos, a serem acusados de pedofilia, por exemplo, em que crianças inocentes são torturadas, exploradas sexualmente, podendo impedir que no futuro o homem ou a mulher que se irá desenvolver não possa porventura ter filhos. Pior ainda os danos morais e psicológicos causados nesse indivíduo, o sofrimento causado… Outras formas de violar esta dignidade, e principalmente a igualdade entre seres humanos, é quando há corrupção, que embora possa não nos afectar directamente, existem pessoas que foram prejudicadas e passaram a viver na miséria, ao fim de anos de trabalho para conseguirem, de forma honesta, uma vida minimamente decente e de qualidade, prejudicadas por um indivíduo que não olha a meios para atingir os seus fins ou objectivos e consegue extorquir esse “pequeno tesouro” de outro individuo que trabalhou. Embora seja de certa forma menos forte, se quisermos, acaba por ser um grande desrespeito à igualdade, e uma enorme violação aos valores. Ponhamo-nos por instantes na situação de um trabalhador que dedicou uma vida inteira, ou parte dela a trabalhar para a sua vida e para o bem da sua família e é roubada, ficando sem nada por causa de um irracional que por não querer trabalhar, decide ganhar a vida imoralmente e de uma forma étnica totalmente incorrecta. Infelizmente existem inúmeras formas de desrespeitar estes valores, a dignidade e inferiorizar outros indivíduos em prole de outro que é imoral.
Será que as organizações ou instituições que surgiram após a 2ª Guerra Mundial, têm como fundamental objectivo ajudar a promover os valores e a paz no mundo ou funcionam apenas como uma empresa que visa apenas o lucro? No final da guerra, deu-se a queda mais ou menos sequencial das ditaduras e dos regimes de opressão em quase todo mundo, o que permitiu esta visão, liberdade de escolha, opção e iniciativa. Não precisamos de ir muito longe para constatar que existem certos pontos duvidosos na constituição de algumas organizações, por exemplo, aqui mesmo em Portugal existem organizações de ajuda humanitária, que distribuí alimentos ou outros bens pelos mais desfavorecidos (muitos destes foram vítimas de violações expressivas dos valores da dignidade humana). Estas organizações muitas das vezes necessitam do apoio de pessoas mais abastadas que contribuem para o apoio desta instituição, pois estas carecem de bens que necessitam para ajudar. Então porque alguns administradores destas organizações recebem salários exorbitantes, na ordem dos milhares ou até milhões quem sabe, que poderiam ser utilizados para ajudar estes desfavorecidos. Será que estes que estão à frente de uma organização de caridade ou ajuda humanitária que deveria defender os direitos humanos trabalham mais que um outro individuo que acorde as 7 da manhã trabalha arduamente um dia inteiro, que chega a casa tardíssimo muitas das vezes, e que depois ainda tem a sua família e casa, que precisa de cuidar e que em certos casos ainda têm de trabalhar em casa sem serem remunerados pelas suas designadas horas extras.
No futuro será igual, o ser humano irá agir, ou melhor reagir da mesma forma, ou quem sabe talvez pior, porque a diferença entre seres humanos vai acentuar-se, e isto devido a um aumento do desrespeito e da violação do direitos do homem. De facto, não citei homem como ser social, mas sim apenas como concepção que temos de que é cidadão e de que vive em sociedade. Será que Aristóteles está certo quando afirma que “O Homem é um ser social”? Talvez não, pois o que se verifica não é uma vivência em sociedade, em que todos deveriam se cingir a princípios básicos de cortesia e respeito mútuo, em que a dignidade de todos, passo a reforçar, de todos os cidadãos é respeitada, e uma sociedade em que como base está um fim comum e não a obtenção de fins individuais e que condicionam os direitos de alguns. Na maior parte das vezes, para que um atinge os seus fins pessoais, é necessário a violação dos valores da dignidade humana de uma infinidade de cidadãos. O ser humano é considerado social porque necessita de estabelecer relações entre outros seres humanos, e será que estabelece mesmo relações, ou não passam de ligações estritamente necessárias, interesseiras e falsas que visam o interesse individual.
Em jeito de conclusão, o ser humano pode não ser um verdadeiro cidadão, ser social pertencente a uma sociedade em que todos se deveriam respeitar entre si, a dignidade humana é tomada como razão a tomar sempre em conta e os seres humanos se relacionem entre si de uma forma verdadeira e consciente. É importante reflectir sobre este problema, pois talvez devêssemos tomar uma atitude mais racional e passar a agir segundo princípios de respeito mútuo e não apenas a reagir a desejos imediatos, sem nunca pensar nas consequências para com terceiros.
Henrique Silva Fernandes, nº9, 11ºB
Uma outra perspectiva

Escolhi abordar este tema, o desporto, mais precisamente a modalidade de ténis, pois é das áreas que mais gosto e como tal que domino melhor. O ténis fascina-me não só por tudo aquilo que conhecemos deste desporto que facilmente observamos, por exemplo, na televisão, mas sobretudo pelo que está por detrás daquilo que não vemos. Este é um desporto muito completo não só pelo sua componente física e táctica, mas também por toda a parte mental que acarreta consigo. Tem que se conjugar uma data de aspectos ao nível psicológico, como a ansiedade, a confiança, o medo, a auto-estima, etc. Claro que estes sentimentos são presenciados em muitas outras situações da nossa vida: escola, emprego; bem como em muitos outros desportos; mas o que o torna tão particular é o facto de ser um desporto individual, em que estamos sozinhos no court, não há uma equipa para nos apoiar e passar por tudo isto connosco, e a maior parte das vezes não há a presença do treinador para nos dar indicações das estratégias mais adequadas. Por isso, temos que ser nós, sozinhos, a pôr em prática tudo aquilo que aprendemos e treinámos, servirmo-nos disso e ajustarmos todos esses conhecimentos ao adversário em causa naquele momento, visto que todos são diferentes e todos têm as suas particularidades. Sendo assim, por estes factos apresentados, ganhamos desde logo uma responsabilidade e autonomia, que vão ser muito importantes não só ao serviço do desporto mas também ao longo da nossa vida. E foi segundo esta reflexão que decidi abordar este tema, falarei do caso particular do ténis e depois irei transpô-lo para a sua relevância ao nível da nossa integração na sociedade.

Ser confiante, ser positivo e acreditar nas capacidades
Ensinar um jogador a acreditar nele é crucial para o sucesso. Os vencedores irradiam uma atitude positiva e confiante.
Eles recusam a possibilidade de falhanço. Eles sabem que podem e sabem que vão atingir os objectivos que se propõem a atingir. As conversas que os jogadores têm com eles próprios são fundamentais para o desenvolvimento dessa atitude. Aquilo que se pensa é aquilo que se consegue. Uma pessoa normal tem cerca de 60 000 a 80 000 pensamentos por dia. Muitos destes pensamentos são repetidos milhares de vezes, pelo que é preciso aprender a controlá-los de modo a podermos beneficiar deles. Nós… somos aquilo que pensamos que somos.
Um pensamento positivo engloba a confiança que podemos ter sucesso. Os grandes jogadores aprendem a controlar esses pensamentos e enchê-los de pensamentos positivos. Isso por si só já trará sucesso, que por sua vez trará mais sucesso. O sucesso alimenta o sucesso, criando uma corrente positiva na carreira e na vida do atleta.
É crucial elogiar o que é bem feito de modo a desenvolver esta competência no atleta. No entanto, o atleta não pode limitar-se às opiniões do treinador, dos pais, dos parceiros de treino ou de outros sobre as suas capacidades, tem de desenvolver um espírito de auto-crítica e de noção do que está bem e do que correu bem dentro de um jogo de modo a poderem desenvolver eles mesmos a capacidade de valorização do seu jogo e de si próprios que é vital em qualquer actividade, quer seja ela desportiva ou não. O jogador tem de saber auto-elogiar-se, e quando o fizer tem de o fazer com sentimento! Quanto maior o sentimento, maior será o entusiasmo e a energia inserida dentro do jogo.



Linguagem corporal
Os pensamentos, sentimentos e comportamentos afectam bastante o desenrolar de um jogo. Se o atleta agir confiante, vai-se sentir confiante, e isso irá influenciar o adversário visto que se trata de um desporto de confronto directo. A postura do atleta afecta a sua confiança, a sua atitude e a forma como se sente. Não deve mostrar ao adversário como se sente, devemos deixar que ele adivinhe e mostrar que estamos sempre por cima. Demonstrar uma presença física forte.

Positivismo
Tanto os treinos como os jogos não irão correr sempre da forma como queremos, a diferença entre os vencedores e os outros é que os primeiros são capazes de interpretar a situação e adaptar-se.

Rotinas
Uma forma de minimizar as distracções e focalizar a concentração para o jogo é o desenvolvimento de rotinas ou rituais. O serviço, por exemplo, é a melhor forma de desenvolver essas rotinas, visto ser provavelmente o gesto mais importante do ténis, e para além disso, está sob o controlo total do jogador que serve. Uma rotina é algo que deve ser praticado como qualquer outro aspecto técnico dentro de um treino até se tornar perfeitamente natural e habitual para o jogador.
As rotinas ajudam a reduzir a ansiedade e fazem focar a concentração nos aspectos mais importantes do serviço. Todos os jogadores de top têm rotinas. As suas rotinas e rituais mantêm-se as mesmas ao longo do jogo visto que foram planeadas, aperfeiçoadas e praticadas ao longo de elevados períodos de tempo de treino.

Envolvimento
Estar familiarizado com o ambiente que lhe rodeia é vital para o sucesso. Geralmente, antes das Olimpíadas, quase todos os atletas candidatos a medalhas que têm essa oportunidade, fazem a viagem ao local em que vai decorrer a competição de modo a ambientar-se ao local de treino, de competição, aos balneários, disposição do público, e até mesmo à viagem em si de modo a facilitar a visualização. De facto, apenas conseguimos visualizar aquilo que já vivemos.
Igualmente importante quando falamos de envolvimento, é o local em que o atleta vive e principalmente as pessoas de que se rodeia. Deve colocar posters e mensagens no quarto de modo a manter-se motivado e saber todos os dias até onde quer ir. Deve rodear-se de pessoas positivas e encorajadoras que suportem as suas decisões.
Sucesso atrai sucesso. As pessoas que têm bastante sucesso, não o devem apenas a uma questão de sorte, eles têm uma estratégia e uma série de aspectos que fazem de uma forma regular e que criam a base para o sucesso na vida. É uma questão de atitude e o atleta deve tentar estar rodeado dessa atitude. Ao passar tempo com pessoas que atingem o sucesso em determinadas actividades irá perceber os ingredientes para o sucesso e isso ajudar-lhe-á enormemente em qualquer actividade em que se envolver.

Visualização do sucesso
Os vencedores vêem aquilo que querem que aconteça. Os que não atingem o sucesso vêm geralmente aquilo que têm medo que aconteça. Os vencedores têm imagens claras de bons batimentos realizados por eles numa situação de treino ou de competição. Anos de investigação e aplicação das descobertas científicas falaram da importância da visualização conjugada com a prática para construir a auto-confiança e a capacidade para jogar com sucesso.
Deve tentar visualizar o futuro da forma como ele quer que seja e não da forma como ele teme que seja. Qualquer que seja a sensação o jogador deve senti-la com toda a energia e fazer esses sentimentos fazer parte dele próprio, viver e treinar com a sensação que já conseguiu o que queria. Pensar na sua cabeça como se fosse real, porque se fizer isso haverá maiores probabilidades de realmente se tornar real.

Preparação antes do jogo
Quando há preocupação com todos os detalhes, o melhor ténis aparece naturalmente. A “sorte” favorece aqueles que se preparam melhor.
Acabada a preparação, é a hora de ir para o campo jogar e divertir-se, sabendo que se fez tudo o que estava ao alcance para se preparar para o jogo em causa.

Focar no presente e no jogo
Não nos devemos preocupar com o resultado, devemos jogar no presente, ou seja, preocupando-nos com o ponto que está a ser jogado, no batimento que vai ser realizado e na táctica que se vai usar no próximo ponto, de acordo com o plano estratégico. Convém esquecer o passado e o futuro, e concentrarmo-nos apenas ponto a ponto e bola a bola, que o resultado aparece.

Desenvolver independência no jogo de ténis
O desenvolvimento da independência no jogador de ténis é um dos factores mais importantes do desenvolvimento a longo prazo. A capacidade do atleta em tomar decisões positivas avaliando convenientemente as situações é algo que é extremamente importante para o sucesso em qualquer actividade, em que o ténis não é excepção.
A independência de um jogador está intimamente associada ao seu nível de auto-confiança e isto é algo que deve ser desenvolvido desde a base do trabalho com os atletas. Auto-confiança é a capacidade do atleta acreditar nas suas capacidades e acreditar que pode ter sucesso numa determinada tarefa.

Relevância social
Todos estes aspectos apresentados no âmbito do ténis podem facilmente transpor-se para situações do nosso quotidiano, não só aquelas com que nos deparamos regularmente ao longo de um dia de trabalho, mas também aquelas que nos surgem em situações mais particulares da nossa vida em que somos obrigados a tomar decisões de extrema importância.
Por isso, aqui o facto de se praticar uma qualquer modalidade desportiva, não é visto somente como uma forma de nos mantermos saudáveis e de trabalharmos para uma melhor forma física, mas sim, desenvolver também capacidades intelectuais e emocionais que nos permitam ter um melhor desempenho. Este desempenho pode referir-se primeiramente à modalidade, no entanto, também se aplica a toda a nossa vida. Como tal, praticar um desporto, principalmente quando somos adolescentes e jovens, em que nos estamos a desenvolver como pessoas e em que a nossa personalidade ainda não está completamente formada, tem uma grande importância. Uma vez que, faz-nos perceber e encarar a realidade de um outro ponto de vista, sermos mais ponderados nas nossas decisões, ganharmos mais responsabilidade perante as nossas atitudes, sabermos lidar com diferentes estados, como ansiedade, stress, medo, etc., e melhorar a nossa relação com os outros. Já que, ao longo de todo o nosso envolvimento nessa modalidade vamo-nos conhecendo cada vez melhor e vamos aprendendo a lidar com isso mesmo. Aprendemos, assim, a controlar as nossas emoções, ambições, medos, como também, e sobretudo este aspecto, aprendemos a descobrir aquilo que temos que fazer para melhorar, e o que está por detrás do nosso sucesso.
O ténis, como em muitas coisas que fazemos durante a nossa vida, passa sobretudo por uma luta constante contra nós próprios. Temos que lutar contra os nossos defeitos, contra tudo aquilo que nos impede de avançar e de sermos melhores, e contra todos os receios que inevitavelmente estão patentes nas nossas ambições e nos nossos objectivos. E ao conseguirmos isso tornamo-nos cada vez mais fortes e aptos a todas as situações e contratempos que nos possam surgir.
Em casos mais específicos, como por exemplo na escola que é aquele com que estamos mais familiarizados, em praticamente tudo podemos aplicar conhecimentos que adquirimos com a prática de uma modalidade, como as capacidades e técnicas de auto-conhecimento que vamos desenvolvendo. Assim conseguimos controlar melhor a nossa ansiedade nos testes e nos exames, lidar com a competição que existe sempre a nível de notas por exemplo entre alunos, e equilibrar e controlar os níveis de auto-estima e confiança.

Maria Inês Lobo Almeida, 11B
A verdade por detrás das escolhas éticas e morais

Num mundo em que as únicas fronteiras são a nível geográfico, o contacto permanente com vários ideais, princípios e novas realidades tornou-se trivial, ao ponto de que a maior parte das novidades deixaram de ser notadas. A actualização é constante e a sociedade tenta acompanhar esse ritmo. Pela primeira vez na existência do ser humano como ser social, as civilizações desapareceram para dar origem a uma grande e massiva sociedade abrangente ao conjunto de todos os indivíduos.
A globalização e a rapidez com que a informação é gerida trouxeram novos problemas à mente humana, problemas que afectam tanto miúdos como graúdos, mas ainda mais aqueles que estão na fase transaccional entre o jovem sem limitações morais e o adulto racional e regido pelos seus próprios princípios e ideais. Seja numa altura mais precoce no seu percurso existencial, ou mesmo um pouco mais tarde que o habitual, todo o individuo passa por essa fase, caracterizada pelas crises de identidade, a desarrumação mental e algumas das decisões mais importantes a nível pessoal. Embora pareça que muitas pessoas saltaram esta parte das suas vidas e por isso continuaram a ser quase tão irresponsáveis como antes, ou simplesmente sem criar as suas bases morais, acabaram eventualmente por tomar decisões.
As decisões a nível ético e moral, são sem dúvida as mais difíceis, não aquelas entre bem e mal, mas entre dois bens, é fácil escolher entre ser uma pessoa justa a uma pessoa injusta, mas é bastante difícil escolher entre justiça e amizade quando existem casos em que estas seriam as duas únicas escolhas possíveis.
Todo o individuo é espelho do contexto cultural em que foi educado, daí existirem poucas divergências nas personalidades das pessoas que viviam na mesma terra, pois qualquer terra era isolada do resto do mundo em certa altura. Neste momento o mesmo se passa, cada um é espelho do seu meio cultural, a única diferença é que este contexto cultural modificou-se e tornou-se bastante abrangente, fazendo com que numa localidade a diferença de personalidades seja mais acentuada, e criando dúvidas onde elas não existiam e por isso todo esse processo de maturação mental e de tomada de decisões resume-se à procura da verdade e da certeza por detrás destas de que a nossa felicidade depende. Outra das decisões que somos confrontados actualmente é a nível espiritual ou religioso algo que em tempos foi tomado como certeza e incutido desde nascença, começa agora a sofrer alterações criando autênticos dilemas nas mentes de alguns jovens adultos que começaram a duvidar.
Como resolver estes problemas e guiar os nossos jovens adultos para a maturação mental e não deixá-los estagnar? Como lhes dar um rumo se nem mesmo muitos adultos sabem fazê-lo?
Muitos arranjam-se sozinhos mas existem aqueles que procuram rumo nos exemplos dos outros, e entre os peritos na matéria de resolução de dilemas mentais, e mestres de uma actividade que poucos parecem conhecer, pensar. São eles os filósofos. Existe uma personagem histórica quase perfeita, não por ter pensado nestes dilemas, mas por tê-los vivido, retratado, e pensado. E por mais incrível que pareça essa personagem não é nossa contemporânea, e nem viveu na Modernidade, esta personagem nasceu em 354 d.C. no Norte de África, é ele Santo Agostinho. E antes que se comece a estranhar a ligação entre ele e um tempo de quase 1650 anos depois, diga-se apenas que Gérard Depardieu, a 9 de Fevereiro de 2003, declamou na Catedral de Notre Dame em Paris, diversos livros da mais emblemática obra de Santo Agostinho, As Confissões. Ou então, as influências que teve no trabalho de Descartes treze séculos mais tarde. Santo Agostinho afirmava que a dúvida serve para dar razão da existência do sujeito que dúvida, estando isso explícito na fórmula agostiniana “Si fallor, sum” (se me engano, existo), que não é de todo diferente de “Dubito, ergo cogito, ergo sum” (Duvido, logo penso, logo existo) de René Descartes.
Aurélio Agostinho nasceu em Numídia (Norte de África) em tempo de Império Romano, já depois de o Cristianismo ser considerado a principal religião deste, mas existiam na época diversas religiões diferentes. Na altura o baptismo era praticado tardiamente, uma vez que as pessoas podiam de facto escolher e decidir com que religiões se identificavam mais, Agostinho não foi excepção à regra. Sua mãe, Mónica, era cristã devota, e com ajuda de seu marido conseguiram pagar uma boa educação a Agostinho, por isso desde muito cedo teve contacto com diferentes realidades espirituais. De facto antes da sua conversão Agostinho foi aliciado pelos maniqueístas com crenças bem diferentes das da religião cristã.
Em sua obra, As Confissões, Agostinho de Hipona retrata a sua conversão, o tempo anterior a ela e o tempo depois desta, com tanta minuciosidade que se conseguem de facto ler os seus dilemas e constatar que não são muito diferentes dos que muitos jovens adultos passam hoje, daí a actualidade de Santo Agostinho.
Fez algo que muito poucos ousaram fazer utilizar a razão e associá-la a Deus, pois a felicidade para Agostinho radica no encontro da Verdade, imutável, eterna, absoluta e suprema, uma verdade que apenas pode ser Deus. E essa verdade era para ele apenas possível de ser encontrada através do raciocínio. Para Agostinho a verdade era o meio para atingir a felicidade. Esta pode não ser para muitos a felicidade de que Agostinho fala, mas é sem dúvida um meio para atingir um certo conforto, na resolução dos dilemas pessoais. Se alguém afirma, querer encontrar a verdade, mas ainda não conseguiu essa pessoa jamais poderá ser uma pessoa feliz, segundo isto pode-se concluir que Agostinho era por isso um eudemonista; aquele que considera que a felicidade se atinge quando se consegue o bem ao qual se aspira; e como eudemonista existe em Agostinho uma coincidência entre bem e felicidade.
Mas como encontrar essa verdade que nos leva à resolução destes dilemas? O Agostinho intelectual que procura incansavelmente a verdade e a natureza dessa verdade sabe que na palavra, no diálogo e na troca reside uma das fontes de conhecimento, outra é proporcionada pela questão e a dúvida, algo que Agostinho nunca deixou de praticar. Mesmo depois da sua conversão, que embora suponha um antes e um depois na repercussão prática da sua vida, não significa uma ruptura radical com a sua actividade intelectual anterior.
E para aqueles que não acreditam na verdade, para aqueles que se auto-intitulam cépticos, e que afirmam que “Não existe verdade, pois podemos duvidar de tudo”, Agostinho responde com sabedoria: “Poderá duvidar-se de tudo o que se quiser, mas daquilo que não há dúvida é desta mesma dúvida”.
Agostinho depois da conversão, e já como Bispo de Hipona dedicou-se entre variadas tarefas a combater as várias “facções” cristãs, como os donatistas ou os pelagianistas, e outras religiões diferentes, os maniqueístas dos quais fez parte, e a religião pagã. Não combatendo fisicamente, mas com as armas que usou para encontrar o seu próprio rumo, o diálogo, a dúvida e a questão, e com isso através de sermões e várias publicações conseguiu juntar uma grande massa de gente. Mesmo durante este período de maior certeza e maior organização mental, Agostinho na sua relação com Deus não se tratava apenas de acreditar mas, principalmente, de entender porque razão o homem, neste caso o homem Agostinho, acreditava em Deus.
Através de Agostinho, e da sua emblemática obra as Confissões, os jovens adultos podem arranjar a solução dos seus dilemas, e mesmo que não tenham o mesmo resultado ou conclusão que Agostinho, tenham a certeza quando escolhem construir a sua personalidade, saibam como a querem definida, porque só isso é a base para a felicidade, pois como Agostinho de Hipona afirmou, “que o meu leitor, se partilhar da minha certeza, faça o caminho comigo; se partilhar das minhas dúvidas, procure comigo”.

Simão Ramos, 11º C

Filosofia (trabalhos dos alunos)

A importância do conhecimento na sociedade actual


O conhecimento, num conceito genérico de conjunto de experiências, valores e informação contextualizada, cria um enquadramento para avaliar e incorporar novas experiências e nova informação. Necessita e constrói-se a partir desta, mas depende de referências, contextos específicos, valores, concepções do mundo e visões do futuro que o retêm; a sua reprodução baseia-se nos contactos interpessoais numa comunidade.
Desde sempre o conhecimento serviu a sociedade. Se remontarmos a milhares de anos A.C. encontramos várias revoluções da informação como a invenção da escrita, do livro, da imprensa até à invenção das tecnologias de informação, como telecomunicações, computadores, digitalização e banda larga que fazem crescer, evoluir, ter poder.
Conhecimento implica, pois, mudança, mas, também, reconhecimento, quer à escala individual, de comunidade, de sociedade ou até mundial.
Hoje em dia, fruto do conhecimento e evolução tecnológica e industrial, os países rivalizam, reivindicam e conseguem alcançar poder.
Vive-se, no presente, no mundo da aquisição e do alargamento do conhecimento, pois é este que gera riqueza e bem-estar.
Conhecimento provoca desenvolvimento, criação de novas ideias, novas técnicas, novas políticas, novas filosofias de vida, isto é, provoca inovação. Quer aquele, quer esta são vantagens competitivas a nível individual, empresarial e estatal.
O homem já percebeu que não mais pode progredir sem formação e informação que lhe proporcione experiências geradoras de conhecimento para poder crescer e ser diferente.
A Globalização, resultante dos meios tecnológicos, dará cada vez maior importância ao conhecimento. O futuro do mundo dependerá dele, que provocará competitividade, parecendo-nos certo que as pessoas viverão melhor numa sociedade onde ele seja entendido como factor essencial ao desenvolvimento, gerador de novas oportunidades. Daí que se verifique em todo o mundo apostas na educação, na mudança, na abertura de ideologias ao mundo.
As diferentes áreas de uma sociedade irão beneficiar do conhecimento, como a ciência, a saúde, a educação, a economia, a justiça, o que provocará melhores níveis de vida, assim como a necessidade de cada um acompanhar essa evolução e tentar corresponder às novas exigências.
Contudo, penso que a inovação gerará competitividade exagerada, com consequências negativas nos comportamentos, originando maior egoísmo, maior discriminação social, maior poder individual, empresarial e político.

Mariana Amaral
11.º B N.º 16

PsicologiaB

O Cérebro do Psicopata

Almas Atormentadas, Cérebros Doentes
________________________________________
Por que os sociopatas têm estas características? Os seus cérebros são diferentes daqueles das pessoas normais? Eles exibem alterações patológicas?
Muitos estudos têm mostrado nos últimos 20 anos que assassinos e criminosos ultraviolentos têm evidências precoces de doença cerebral. Por exemplo, em um estudo, 20 de 31 assassinos confessos e sentenciados possuiam diagnósticos neurológicos específicos. Alguns dos presos tinham mais que um distúrbio, e nenhum sujeito era normal em todas as esferas. Entre os diagnósticos, estavam a esquizofrenia, depressão, epilepsia, alcoolismo, demência alcoólica, retardamento mental, paralisia cerebral, injúria cerebral, distúrbios dissociativos e outros. Mais de 64% dos criminosos pareciam ter anormalidades no lobo frontal. Quase 84% dos sujeitos tinham sido vítimas de severo abuso físico e/ou sexual. O grupo de assassinos incluiu membros de gangues, sequestradores, ladrões, assassinos seriais, um sentenciado que tinha matado seu filho pequeno, e outro que assassinara seus três irmãos.
Em outro estudo realizado no Canadá em 1994, no grupo mais violento de 372 homens presos em um hospital mental de segurança máxima, 20 % tinham anormalidades focais temporais do EEG, e 41% tinham alterações patológicas da estrutura do cérebro no lobo temporal. As taxas correspondentes para o resto do grupo violento foram de 2.4 % e 6.7 %, respectivamente, sugerindo assim um papel importante para os danos neurológicos na génese das personalidades violentas, em uma proporção de 21:1 para agressivos habituais, e de até 4:1 (quatro vezes mais que na população normal), no caso de agressivos incidentais (uma única vez). O estudo conclui: "nós propomos que, embora tais discrepâncias não sejam suficientes para confirmar a neuropatologia como uma causa univariada da agressão criminosa, também não é razoável supor que sejam meramente artefactos do acaso."
De acordo com os autores Nathaniel J. Pollone e James J. Hennessy, "Vários estudos em um período de mais de 40 anos sugeriram uma incidência relativamente alta de neuropatologia entre os criminosos violentos, muitas vezes acima daquele encontrado na população em geral, em taxas que excedem de 31:1 no caso de homicidas acidentais." (35 Annual Meeting of the Academy of Criminal Justice Sciences, Albuquerque, NM, 14 Março, 1998).
Ainda que este tenha sido sempre um assunto muito controvertido, muitos pesquisadores acham que existem fortes argumentos a favor de um substrato da doença cerebral presente em criminosos violentos; e que isto tem consequências importantes para muitas coisas, desde do ponto de vista da lei, até a perspectiva de uma prevenção efectiva e do tratamento da sociopatia.
A Hipótese do Cérebro Frontal
Como os indivíduos sociopatas têm alterações marcantes em relação aos outros seres humanos, é natural que se devesse investigar primeiro se a parte do cérebro que é responsável por este tipo de comportamento também teria alguma anormalidade significativa.
Muitos comportamentos associados às relações sociais são controlados pela parte do cérebro chamada lobo frontal, que está localizado na parte mais anterior dos hemisférios cerebrais. Todos os primatas sociais desenvolveram bastante o cérebro frontal, e a espécie humana tem o maior desenvolvimento de todos. Auto-controlo, planeamento, julgamento, o equilíbrio das necessidades do indivíduo versus a necessidade social, e muitas outras funções essenciais subjacente à interacção social efectiva são mediadas pelas estruturas frontais do cérebro.
Há muito tempo que os neurocientistas sabem que as lesões desta parte do cérebro levam a deficits severos em todos estes comportamentos. O uso abusivo da lobotomia pré-frontal como uma ferramenta terapêutica pelos cirurgiões em muitas doenças mentais nas décadas de 40 e 50, forneceu dados mais que suficientes aos pesquisadores para implicar o cérebro frontal na génese das personalidades anti-sociais.
Existem muitos exemplos de pessoas que adquiriram personalidades sociopáticas devido a lesões patológicas do cérebro, tais como tumores. Por exemplo, um estudo de caso em 1992 descreveu um paciente que desenvolveu alterações de personalidade, as quais se assemelhavam fortemente a um distúrbio de personalidade anti-social, após a remoção cirúrgica de um tumor na glândula hipófise, o qual provocou danos a uma parte do lobo frontal chamado córtex órbito frontal esquerdo. Neste caso, testes neuropsicológicos e de personalidade não revelaram qualquer deficit cognitivo ou psicopatologia.
Antonio and Hanna Damasio, dois notáveis neurologistas e pesquisadores da Universidade de Iowa, investigaram na última década as bases neurológicas da psicopatologia. Eles mostraram em 1990, por exemplo, que indivíduos que tinham se submetido a danos do córtex frontal ventromedial (e que tinham personalidades normais antes do dano) desenvolveram conduta social anormal, levando a consequências pessoais negativas. Entre outras coisas, eles apresentaram tomada de decisões inadequadas e habilidades de planeamento, as quais são conhecidas por serem processadas pelo lobo frontal do cérebro.
Por que o cérebro frontal parece ser tão importante na génese de indivíduos antissociais?
Uma hipótese provável é que quando não existe punição, ou quando a pessoa é incapaz de ser condicionada pelo medo, devido a uma lesão no córtex órbito-frontal, por exemplo, ou devido a baixa actividade neural nesta área, então ele desenvolve uma personalidade anti-social.
Pesquisas com animais têm mostrado que o córtex órbito-frontal direito está envolvido no medo condicionado. Por exemplo, quando um rato é punido com um choque eléctrico cada vez que uma luz pisca em sua gaiola, ele sente medo, por associar aquele estímulo à punição. Seres humanos normais aprendem muito cedo na vida a evitar comportamentos anti - sociais, porque eles são punidos por isso e também porque eles possuem circuitos cerebrais para associar o medo da punição (sentimento da emoção) à supressão do comportamento. Este parece ser um elemento chave no desenvolvimento da personalidade.
Por que o cérebro frontal parece ser tão importante na génese de indivíduos antissociais?
Uma hipótese provável é que quando não existe punição, ou quando a pessoa é incapaz de ser condicionada pelo medo, devido a uma lesão no córtex órbito-frontal, por exemplo, ou devido a baixa actividade neural nesta área, então ele desenvolve uma personalidade anti-social.
Pesquisas com animais têm mostrado que o córtex órbito-frontal direito está envolvido no medo condicionado. Por exemplo, quando um rato é punido com um choque eléctrico cada vez que uma luz pisca em sua gaiola, ele sente medo, por associar aquele estímulo à punição. Seres humanos normais aprendem muito cedo na vida a evitar comportamentos anti - sociais, porque eles são punidos por isso e também porque eles possuem circuitos cerebrais para associar o medo da punição (sentimento da emoção) à supressão do comportamento. Este parece ser um elemento chave no desenvolvimento da personalidade.
Por que o cérebro frontal parece ser tão importante na génese de indivíduos antissociais?
Uma hipótese provável é que quando não existe punição, ou quando a pessoa é incapaz de ser condicionada pelo medo, devido a uma lesão no córtex órbito-frontal, por exemplo, ou devido a baixa actividade neural nesta área, então ele desenvolve uma personalidade anti-social.
Pesquisas com animais têm mostrado que o córtex órbito-frontal direito está envolvido no medo condicionado. Por exemplo, quando um rato é punido com um choque eléctrico cada vez que uma luz pisca em sua gaiola, ele sente medo, por associar aquele estímulo à punição. Seres humanos normais aprendem muito cedo na vida a evitar comportamentos anti - sociais, porque eles são punidos por isso e também porque eles possuem circuitos cerebrais para associar o medo da punição (sentimento da emoção) à supressão do comportamento. Este parece ser um elemento chave no desenvolvimento da
Usando o PET, o pesquisador médico americano Adrian Raine e colegas estudaram assassinos, com resultados surpreendentes. Eles encontraram que 41 assassinos tinham um nível muito diminuído do funcionamento cerebral no córtex pré-frontal em relação às pessoas normais, indicando um deficit relacionado à violência. Em outras palavras, mesmo quando nenhuma alteração patológica visível era apresentada, o dano frontal era aparente, através de uma actividade anormalmente baixa do cérebro naquela área. "O dano nesta região cerebral", notou Raine, "pode resultar em impulsividade, perda do auto-controle, imaturidade, emocionalidade alterada, e incapacidade para modificar o comportamento, o que pode facilitar actos agressivos". Outras anormalidades observadas pelo estudo de PET do cérebro de assassinos incluiu um metabolismo neural reduzido no giro parietal superior, giro angular esquerdo, corpo caloso, e assimetrias anormais de actividade na amígdala, tálamo, e lobo temporal medial. É provável que estes efeitos sejam relacionados à violência e criminalidade; pois algumas destas estruturas fazem parte do chamado sistema límbico, que processa emoções e comportamento emocional
Um aspecto interessante da pesquisa do Dr. Raine é que ele correlacionou as imagens cerebrais de PET à história pessoal do assassino, a fim de certificar-se se eles tinham sido submetidos a algum trauma psíquico, abuso físico ou sexual, abandono e pobreza, quando eles eram crianças (um ambiente deprivado para o desenvolvimento da personalidade). Entre os assassinos, 12 tinham sofrido abuso significativo ou deprivação (recebido maus tratos). Foi descoberto que assassinos vindos de lares deprivados tinham déficits muito maiores na área órbito-frontal do cérebro (14 % em média) do que pessoas normais e assassinos vindos de ambientes não derivados.
Os estudos iniciais controlados, realizados por Raine e colegas foram confirmados por uma série de investigações baseadas em PET com indivíduos sociopatas e criminosos violentos. Em um estudo em 1994, 17 pacientes com diagnóstico de distúrbio de personalidade foram submetidos ao PET. Os pesquisadores provaram que havia uma forte correlação inversa entre uma história de dificuldades de controlo de agressividade durante toda a vida e o metabolismo regional no córtex frontal. Seis destes pacientes eram antissociais, o resto tinha vários distúrbios de personalidade (marginais, dependentes narcisistas). O PET foi usado novamente em 1995 para avaliar o metabolismo da glicose cerebral em oito sujeitos normais e oito pacientes psiquiátricos com história de comportamento repetitivo violento. Os autores observaram que "sete dos pacientes mostraram amplas áreas de baixo metabolismo cerebral, particularmente no córtex pré-frontal e temporal medial quando comparado à sujeitos normais. Estas regiões têm sido implicadas como o substrato para agressão e impulsividade, e sua disfunção pode ter contribuído para pacientes com comportamento violento". Mais recentemente (1997), a tecnologia de imagens cerebrais por PET mostrou também que os psicopatas diferiram de não-psicopatas no padrão de fluxo cerebral relativo durante o processamento de palavras com conteúdo emocional. As mudanças de personalidade adquiridas devido à injúria cerebral são também acompanhadas por uma diminuição na actividade neural na área frontal.
Evidências indirectas do papel do córtex pré-frontal no comportamento psicopático vêm de outros experimentos. No Canadá, uma equipa liderada por Dominique LaPierre comparou 30 psicopatas a 30 criminosos não-psicopatas, usando testes que avaliam a função de duas partes do córtex pré-frontal: o órbito-frontal e as áreas ventromediais frontais. Os resultados mostraram que "os psicopatas eram prejudicados em todas as tarefas órbito-frontais e ventromediais", mas não na função de outras áreas do córtex frontal. As similaridades entre psicopatas e pacientes com dano de córtex pré-frontal apareceu em várias áreas do estudo. "Os psicopatas e pacientes órbito-frontais ou ventromediais mostram uma preocupação exagerada com parceiros sexuais, actuando de uma forma promíscua e impessoal", observaram os pesquisadores."Ambos são marcantes quanto à sua falta de julgamento ético e social. Ambos negligenciam as consequências a longo prazo de suas acções, escolhendo a gratificação imediata ao invés de um planeamento cuidadoso".
Conclusões
Em resumo, ainda que muitos destes resultados devam ser tomados com cuidado, todos eles convergem para uma importante descoberta: a de que os cérebros de criminosos violentos e sociopatas são na verdade alterados de maneira subtil, e que este facto pode agora ser revelado por novas técnicas sofisticadas. Uma consideração importante é que o comportamento humano é extremamente complicado e o resultado de uma interacção de muitos factores sociais, biológicos e psicológicos. "Existem muitos factores envolvidos no crime. A função cerebral é apenas uma delas", diz o Prof. Adrian Raine. "Mas, ao entendermos a sua função cerebral, estaremos em uma melhor posição para entender as causas completas do comportamento violento".
O Cérebro do Psicopata
Emocionalmente Insensíveis
Muitas das características da personalidade dos psicopatas poderiam ser explicadas por deficits emocionais. Por exemplo, eles têm pouco afecto com os outros, são incapazes de amar, não ficam nervosos facilmente e não mostram remorso ou vergonha quando eles abusam de outras pessoas. Assim, os cientistas têm feito hipóteses há muito tempo que os psicopatas têm uma deficiência em suas reacções aos estímulos evocadores do medo, e esta seria causa de sua insensibilidade e também de sua incapacidade de aprender pela experiência.
Muitos experimentos com indivíduos sociopatas têm sugerido que isto é verdade. Um destes experimentos colocou agressores criminosos com alto nível de distúrbio de personalidade sociopática observando projecções de slides com figuras com diferentes conteúdos emocionais. Enquanto olhavam para as imagens, eles eram assustados subitamente, com sons inesperados. Quando pessoas normais estão vendo imagens agradáveis, a resposta de susto (um piscar de olhos) é de menor magnitude do que quando as imagens são desagradáveis ou stressantes (representando agressão, sangue, horror, etc). Imagens neutras têm uma resposta de susto no ponto intermediário daquelas de prazer e desprazer. O que acontece com sociopatas criminosos? Eles têm exactamente o padrão oposto: piscam menos os olhos em resposta ao barulho quando estão assistindo imagens stressantes! Entretanto, somente os sociopatas que tinham uma característica de indiferença emocional mostraram este fenómeno. Isto poderia ser explicado por uma falta de reactividade nestes agressores.
Em outro experimento, os cientistas registaram respostas fisiológicas de agressores criminosos sociopatas quando viam imagens stressantes, ou quando processavam palavras com alto conteúdo emocional. Os parâmetros fisiológicos registados são os mesmos que os nos aparelhos de "detectores de mentiras"
• A frequência cardíaca (isto é, quantas batidas por minuto, registadas na forma de curva em função do tempo). Estímulos que provocam medo ou stress eliciam um aumento na frequência cardíaca em indivíduos normais;
• Reacção galvânica da pele. A resistência eléctrica da pele de certas regiões do corpo (por exemplo, a palma da mão) é afectada por sudorese emocional (ela aparece somente quando a pessoa está nervosa, mas não quando está com calor, como no suor normal: é por isso que falamos que uma pessoa está com as "mãos suadas" quando ela está mentindo).
• Frequência respiratória: também é afectada pelo estímulo emocional, tornando-se mais rápida e mais superficial.
Os psicopatas não mostram alteração nestes parâmetros quando são submetidos ao stress ou a imagens desagradáveis. Estas alterações também não aparecem quando os sujeitos são avisados antecipadamente por um flash de luz quando eles vão receber um estímulo stressante (por exemplo, um desagradável sopro de ar em suas faces). Esta é a razão porque os sociopatas mentem tão bem e porque eles não são detectados pelos equipamentos de detecção de mentiras.
Entretanto, tudo isto não significa que os sociopatas não tenham emoções. Eles têm, mas em relação a eles mesmos, não em relação aos outros. De fato, tais indivíduos são incapazes de sentirem emoções "sociais" tais como simpatia, empatia, gratidão, etc. Isto pode explicar porque os sociopatas são tão desejosos de infligir sofrimento e dor em outras pessoas sem sentir qualquer remorso. Para eles, as emoções de outras pessoas não têm qualquer importância; eles são "incapazes de construir uma similitude emocional do outro".
Quais são os tipos de emoções que o sociopata tem? Aparentemente, eles reagem a tudo, e rapidamente, com sentimentos agressivos, são muito irritáveis e também sensíveis a qualquer coisa que provoque vergonha ou humilhação. Com relações às emoções positivas, eles obtém prazer através da sensação de dominância e sentem satisfação por isto.
O Erro de Descartes
Antonio Damasio, um neurologista americano-português, já citado por nós na introdução, tem uma teoria que poderia explicar porque pacientes com distúrbios provocados por lesões no cérebro frontal ventromedial (e, por extensão, sociopatas) têm estes problemas emocionais. Ele a chamou de a "hipótese do marcador somático", que tem mais ou menos a seguinte forma:
Indivíduos normais activam os chamados "estados somáticos" (alterações na frequência cardíaca e respiração, dilatação das pupilas, sudorese, expressão facial, etc.) em resposta à punição associada às situações sociais. Por exemplo, uma criança quebra alguma coisa valiosa e é punida severamente por seus pais, evocando estes estados somáticos. Da próxima vez que ocorrer uma situação similar, os marcadores somáticos são activados e a mesma emoção associada à punição é sentida. De modo a evitar isto, a criança suprime o comportamento indesejado.
De acordo com o Dr. Damásio, pessoas com danos no lobo frontal são incapazes de activar estes marcadores somáticos. Ele diz: "isto privaria o indivíduo de um dispositivo automático para sinalizar consequências deletérias relativas a respostas que poderiam trazer a recompensa imediata". Isto explica também porque os sociopatas e pacientes com danos no lobo pré-frontal mostram poucas respostas autonómicas a palavras condicionadas socialmente e imagens com conteúdo emocional, mas têm respostas normais a estímulos incondicionados como outras pesquisas do Dr. Damasio mostraram.
Analisando o comportamento sociopático e suas causas, Damásio sugeriu em seu livro bestseller, "Descartes' Error: Emotion, Reason and the Human Brain" (O Erro de Descartes: Emoção, Razão e o Cérebro Humano), que a razão e a emoção não são coisas separadas e antagonistas nonosso cérebro (este foi o erro cometido pelo filósofo francês René Descartes aludido no título do livro), mas que um é importante para o outro na construção da nossa personalidade sadia. Indivíduos que são inteligentes e que são capazes de raciocinar bem, tornam-se monstros sociais quando eles não sentem "emoção social", que é a base da moral, do sentimento que está certo ou errado, etc.