segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Uma outra perspectiva

Escolhi abordar este tema, o desporto, mais precisamente a modalidade de ténis, pois é das áreas que mais gosto e como tal que domino melhor. O ténis fascina-me não só por tudo aquilo que conhecemos deste desporto que facilmente observamos, por exemplo, na televisão, mas sobretudo pelo que está por detrás daquilo que não vemos. Este é um desporto muito completo não só pelo sua componente física e táctica, mas também por toda a parte mental que acarreta consigo. Tem que se conjugar uma data de aspectos ao nível psicológico, como a ansiedade, a confiança, o medo, a auto-estima, etc. Claro que estes sentimentos são presenciados em muitas outras situações da nossa vida: escola, emprego; bem como em muitos outros desportos; mas o que o torna tão particular é o facto de ser um desporto individual, em que estamos sozinhos no court, não há uma equipa para nos apoiar e passar por tudo isto connosco, e a maior parte das vezes não há a presença do treinador para nos dar indicações das estratégias mais adequadas. Por isso, temos que ser nós, sozinhos, a pôr em prática tudo aquilo que aprendemos e treinámos, servirmo-nos disso e ajustarmos todos esses conhecimentos ao adversário em causa naquele momento, visto que todos são diferentes e todos têm as suas particularidades. Sendo assim, por estes factos apresentados, ganhamos desde logo uma responsabilidade e autonomia, que vão ser muito importantes não só ao serviço do desporto mas também ao longo da nossa vida. E foi segundo esta reflexão que decidi abordar este tema, falarei do caso particular do ténis e depois irei transpô-lo para a sua relevância ao nível da nossa integração na sociedade.

Ser confiante, ser positivo e acreditar nas capacidades
Ensinar um jogador a acreditar nele é crucial para o sucesso. Os vencedores irradiam uma atitude positiva e confiante.
Eles recusam a possibilidade de falhanço. Eles sabem que podem e sabem que vão atingir os objectivos que se propõem a atingir. As conversas que os jogadores têm com eles próprios são fundamentais para o desenvolvimento dessa atitude. Aquilo que se pensa é aquilo que se consegue. Uma pessoa normal tem cerca de 60 000 a 80 000 pensamentos por dia. Muitos destes pensamentos são repetidos milhares de vezes, pelo que é preciso aprender a controlá-los de modo a podermos beneficiar deles. Nós… somos aquilo que pensamos que somos.
Um pensamento positivo engloba a confiança que podemos ter sucesso. Os grandes jogadores aprendem a controlar esses pensamentos e enchê-los de pensamentos positivos. Isso por si só já trará sucesso, que por sua vez trará mais sucesso. O sucesso alimenta o sucesso, criando uma corrente positiva na carreira e na vida do atleta.
É crucial elogiar o que é bem feito de modo a desenvolver esta competência no atleta. No entanto, o atleta não pode limitar-se às opiniões do treinador, dos pais, dos parceiros de treino ou de outros sobre as suas capacidades, tem de desenvolver um espírito de auto-crítica e de noção do que está bem e do que correu bem dentro de um jogo de modo a poderem desenvolver eles mesmos a capacidade de valorização do seu jogo e de si próprios que é vital em qualquer actividade, quer seja ela desportiva ou não. O jogador tem de saber auto-elogiar-se, e quando o fizer tem de o fazer com sentimento! Quanto maior o sentimento, maior será o entusiasmo e a energia inserida dentro do jogo.



Linguagem corporal
Os pensamentos, sentimentos e comportamentos afectam bastante o desenrolar de um jogo. Se o atleta agir confiante, vai-se sentir confiante, e isso irá influenciar o adversário visto que se trata de um desporto de confronto directo. A postura do atleta afecta a sua confiança, a sua atitude e a forma como se sente. Não deve mostrar ao adversário como se sente, devemos deixar que ele adivinhe e mostrar que estamos sempre por cima. Demonstrar uma presença física forte.

Positivismo
Tanto os treinos como os jogos não irão correr sempre da forma como queremos, a diferença entre os vencedores e os outros é que os primeiros são capazes de interpretar a situação e adaptar-se.

Rotinas
Uma forma de minimizar as distracções e focalizar a concentração para o jogo é o desenvolvimento de rotinas ou rituais. O serviço, por exemplo, é a melhor forma de desenvolver essas rotinas, visto ser provavelmente o gesto mais importante do ténis, e para além disso, está sob o controlo total do jogador que serve. Uma rotina é algo que deve ser praticado como qualquer outro aspecto técnico dentro de um treino até se tornar perfeitamente natural e habitual para o jogador.
As rotinas ajudam a reduzir a ansiedade e fazem focar a concentração nos aspectos mais importantes do serviço. Todos os jogadores de top têm rotinas. As suas rotinas e rituais mantêm-se as mesmas ao longo do jogo visto que foram planeadas, aperfeiçoadas e praticadas ao longo de elevados períodos de tempo de treino.

Envolvimento
Estar familiarizado com o ambiente que lhe rodeia é vital para o sucesso. Geralmente, antes das Olimpíadas, quase todos os atletas candidatos a medalhas que têm essa oportunidade, fazem a viagem ao local em que vai decorrer a competição de modo a ambientar-se ao local de treino, de competição, aos balneários, disposição do público, e até mesmo à viagem em si de modo a facilitar a visualização. De facto, apenas conseguimos visualizar aquilo que já vivemos.
Igualmente importante quando falamos de envolvimento, é o local em que o atleta vive e principalmente as pessoas de que se rodeia. Deve colocar posters e mensagens no quarto de modo a manter-se motivado e saber todos os dias até onde quer ir. Deve rodear-se de pessoas positivas e encorajadoras que suportem as suas decisões.
Sucesso atrai sucesso. As pessoas que têm bastante sucesso, não o devem apenas a uma questão de sorte, eles têm uma estratégia e uma série de aspectos que fazem de uma forma regular e que criam a base para o sucesso na vida. É uma questão de atitude e o atleta deve tentar estar rodeado dessa atitude. Ao passar tempo com pessoas que atingem o sucesso em determinadas actividades irá perceber os ingredientes para o sucesso e isso ajudar-lhe-á enormemente em qualquer actividade em que se envolver.

Visualização do sucesso
Os vencedores vêem aquilo que querem que aconteça. Os que não atingem o sucesso vêm geralmente aquilo que têm medo que aconteça. Os vencedores têm imagens claras de bons batimentos realizados por eles numa situação de treino ou de competição. Anos de investigação e aplicação das descobertas científicas falaram da importância da visualização conjugada com a prática para construir a auto-confiança e a capacidade para jogar com sucesso.
Deve tentar visualizar o futuro da forma como ele quer que seja e não da forma como ele teme que seja. Qualquer que seja a sensação o jogador deve senti-la com toda a energia e fazer esses sentimentos fazer parte dele próprio, viver e treinar com a sensação que já conseguiu o que queria. Pensar na sua cabeça como se fosse real, porque se fizer isso haverá maiores probabilidades de realmente se tornar real.

Preparação antes do jogo
Quando há preocupação com todos os detalhes, o melhor ténis aparece naturalmente. A “sorte” favorece aqueles que se preparam melhor.
Acabada a preparação, é a hora de ir para o campo jogar e divertir-se, sabendo que se fez tudo o que estava ao alcance para se preparar para o jogo em causa.

Focar no presente e no jogo
Não nos devemos preocupar com o resultado, devemos jogar no presente, ou seja, preocupando-nos com o ponto que está a ser jogado, no batimento que vai ser realizado e na táctica que se vai usar no próximo ponto, de acordo com o plano estratégico. Convém esquecer o passado e o futuro, e concentrarmo-nos apenas ponto a ponto e bola a bola, que o resultado aparece.

Desenvolver independência no jogo de ténis
O desenvolvimento da independência no jogador de ténis é um dos factores mais importantes do desenvolvimento a longo prazo. A capacidade do atleta em tomar decisões positivas avaliando convenientemente as situações é algo que é extremamente importante para o sucesso em qualquer actividade, em que o ténis não é excepção.
A independência de um jogador está intimamente associada ao seu nível de auto-confiança e isto é algo que deve ser desenvolvido desde a base do trabalho com os atletas. Auto-confiança é a capacidade do atleta acreditar nas suas capacidades e acreditar que pode ter sucesso numa determinada tarefa.

Relevância social
Todos estes aspectos apresentados no âmbito do ténis podem facilmente transpor-se para situações do nosso quotidiano, não só aquelas com que nos deparamos regularmente ao longo de um dia de trabalho, mas também aquelas que nos surgem em situações mais particulares da nossa vida em que somos obrigados a tomar decisões de extrema importância.
Por isso, aqui o facto de se praticar uma qualquer modalidade desportiva, não é visto somente como uma forma de nos mantermos saudáveis e de trabalharmos para uma melhor forma física, mas sim, desenvolver também capacidades intelectuais e emocionais que nos permitam ter um melhor desempenho. Este desempenho pode referir-se primeiramente à modalidade, no entanto, também se aplica a toda a nossa vida. Como tal, praticar um desporto, principalmente quando somos adolescentes e jovens, em que nos estamos a desenvolver como pessoas e em que a nossa personalidade ainda não está completamente formada, tem uma grande importância. Uma vez que, faz-nos perceber e encarar a realidade de um outro ponto de vista, sermos mais ponderados nas nossas decisões, ganharmos mais responsabilidade perante as nossas atitudes, sabermos lidar com diferentes estados, como ansiedade, stress, medo, etc., e melhorar a nossa relação com os outros. Já que, ao longo de todo o nosso envolvimento nessa modalidade vamo-nos conhecendo cada vez melhor e vamos aprendendo a lidar com isso mesmo. Aprendemos, assim, a controlar as nossas emoções, ambições, medos, como também, e sobretudo este aspecto, aprendemos a descobrir aquilo que temos que fazer para melhorar, e o que está por detrás do nosso sucesso.
O ténis, como em muitas coisas que fazemos durante a nossa vida, passa sobretudo por uma luta constante contra nós próprios. Temos que lutar contra os nossos defeitos, contra tudo aquilo que nos impede de avançar e de sermos melhores, e contra todos os receios que inevitavelmente estão patentes nas nossas ambições e nos nossos objectivos. E ao conseguirmos isso tornamo-nos cada vez mais fortes e aptos a todas as situações e contratempos que nos possam surgir.
Em casos mais específicos, como por exemplo na escola que é aquele com que estamos mais familiarizados, em praticamente tudo podemos aplicar conhecimentos que adquirimos com a prática de uma modalidade, como as capacidades e técnicas de auto-conhecimento que vamos desenvolvendo. Assim conseguimos controlar melhor a nossa ansiedade nos testes e nos exames, lidar com a competição que existe sempre a nível de notas por exemplo entre alunos, e equilibrar e controlar os níveis de auto-estima e confiança.

Maria Inês Lobo Almeida, 11B

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