domingo, 7 de fevereiro de 2010

Avatar

Síntese do Filme “Avatar”

Avatar é um filme de ficção científica escrito e dirigido por James Cameron. Concentra-se num conflito épico em Pandora, uma das luas de Polifemo. Aqui, os colonizadores humanos e os nativos humanóides, os Na'vi, corpos humanos geneticamente modificados, entram em guerra pelos recursos do planeta e a continuação da existência da espécie nativa.
No ano 2154 d.C., a corporativa humana RDA explora um precioso minério em Pandora, habitada por uma espécie de humanóides chamada Na'vi, que vive em harmonia com a natureza. Eles veneram uma deusa chamada Eywa. Os humanos não são capazes de respirar na atmosfera de Pandora, rica em dióxido de carbono. Além disso, não têm uma convivência pacífica com os Na'vi por não entenderem a sua cultura de venerar a natureza.
Os pesquisadores humanos coordenados por Dra. Grace Augustine criaram o Programa Avatar gerador de híbridos humano-Na'vi. Um humano que compartilhe material genético com um Avatar é mentalmente ligado e pode conectar-se através de ligações neuronais que permitem o controlo do corpo do Avatar. Jake Sully é um ex-fuzileiro paraplégico, que vai para Pandora. Jake nunca usou um Avatar e não tem nenhum conhecimento sobre a cultura Na'vi. A equipa de pesquisa deixa que ele participe no programa, tendo-o mais como um segurança do que como um cientista.
Quando Jake serve de segurança à Grace e ao biólogo Norm Spellman, em forma de Avatar, é atacado por uma criatura local e perde-se do resto do grupo. Na selva, é salvo por uma Na'vi fêmea, Neytiri que inicialmente quer deixar Jake, mas após ser coberto por sementes da Árvore da Vida, decide levá-lo para a Casa da Árvore, onde mora o seu clã, os Omaticaya.
Quando o Coronel Miles Quaritch sabe da ligação próxima de Jake aos Na'Vi, ensinado sobre Pandora por Neytiri, promete-lhe pernas funcionais em troca de convencer os Omaticaya a saírem da Casa da Árvore. Jake começa a preferir o modo de vida dos Na'Vi, une-se aos Omaticaya e inicia um relacionamento com Neytiri. A sua mudança de lealdade é demonstrada quando Jake ataca máquinas da RDA que vieram destruir a Casa da Árvore. Perante isto, Quaritch desliga Jake do seu avatar e descobre o seu video-diário onde esta diz que os Na'Vi jamais deixarão a região, o que leva a que Quaritch ordene a destruição da Árvore embora com a discordância de Grace, por considerar que isso afectaria a rede neuronal bio-botânica de Pandora.
Os Omaticaya consideram Jake e Grace traidores e aprisionam-nos o que provoca rebelião. Mais tarde, Grace é ferida e Jake vai pedir ajuda aos Omaticaya para a salvar. Há uma tentativa de transferir a alma de Grace para o seu avatar, mas os ferimentos da cientista são graves demais e ela morre.
Jake e Tsu'Tey, usam Toruk para voar até os diferentes clãs Na'Vi e convencê-los a juntarem-se à sua luta. Depois, Jake ora para Eywa, pedindo a sua ajuda. Na batalha que se segue, muitos Na'Vi morrem. Quando a derrota parece próxima, a fauna de Pandora ataca e tira a vantagem a RDA. Jake é exposto à atmosfera e quase morre, mas é salvo por Neytiri após esta matar Quaritch.
Selfridge e os militares são expulsos de Pandora, mas os Na'Vi aceitam a permanência dos cientistas. Jake torna-se líder dos Omaticaya, com a alma transferida permanentemente para seu avatar por meio da Árvore das Almas.
Este filme evidencia claramente as divergências entre os humanos. Diferentes culturas, diferentes raças, diferentes crenças que tornam uma sociedade mais rica. Porém, por vezes, determinadas pessoas não aceitam a existência de uma outra cultura que pode ser interessante ou mesmo fascinante. Existem vários estereótipos que têm as suas próprias características, como por exemplo os habitantes de Pandora, caracterizados por uma língua diferente, acreditando em poderosos líderes, na Árvore das Almas, etc. São um povo unido que mostra valores como a lealdade, solidariedade, compaixão, amor, amizade, ou seja, espirituais, que valoriza a natureza, a paz e a tolerância.
Os Na’vi acreditam nos seus rituais e acima de tudo, acreditam em si mesmos, que são fortes, que se conseguem defender, como povo unido que são, das ameaças feitas pelos humanos, que, pelo contrário, querem a todo o custo mover os Na’vi para outro local, pois a zona onde estes habitam é rica em reservas de um precioso minério chamado Unobtainium. Ou seja, há uma luta por um valor material que pode levar à fúria dos que pretendem obter o tal precioso minério e à destruição dos inocentes, os Na’vi. Estes só querem que os deixem em paz para deste modo viverem em harmonia. Mas, Jake e os seus companheiros acreditam que os Na’vi, considerados pelos humanos como primitivos, são um povo como todos os outros que têm o direito de não lhes ser destruída a sua casa.
“ Avatar ” apela também à sinceridade e mostra-nos como uma pessoa que inicialmente está disposta a contribuir para a destruição de uma comunidade, a partir do momento que começa a interagir e comunicar com ela, consegue mudar de opinião. A integração num novo povo pode mudar a forma de pensar de certas pessoas.
O filme transmite a mensagem de que todas as culturas devem ser respeitadas e aceites, não podendo, por serem minoritárias, ser ultrapassadas por outras, sem hipótese de defesa.
“Avatar ” pode, por outro lado, mostrar a evolução a vida ao longo do tempo. Os Na’vi eram um pouco semelhantes ao ser humano, apesar de terem caudas, perto de 3 metros de altura e ossos naturalmente muito fortes. Então, nada nos leva a contradizer a possibilidade de daqui a milhões de anos com todas as mutações, diferenças ambientais e sociais, o ser humano evoluir para algo mais puro, mais fascinante.
É possível considerar este filme como um primeiro passo em busca da pura de um dos maiores males do homem: a ganância, não deixando, contudo, de dar relevo à esperança e persistência, numa trama onde para se alcançar os objectivos e ultrapassar obstáculos é necessário possuir estas virtudes. Tratando um choque de culturas e procura transmitir conceitos de religião, filosofia, ecologia, ciência e mitologia de uma forma constante, James Cameron faz do filme um veículo de introspecção, através da ficção de um mundo de novas descobertas e experiências, com amor e redenção, onde parece aceitar, como Descartes, que o corpo e a mente funcionam de forma misteriosamente sincronizada regidos por leis criadas por Deuses.
Surge a dúvida a muitos se Avatar não será um pedido de desculpa dos americanos ao povo indígena e à sua filosofia, numa tentativa de redimir-se dos erros históricos cometidos.

Trabalho realizado por:
Mariana Amaral 11ºB N.º 16
Nuno Rodrigues 11.º B N.º17

Retórica

Retórica nos dias de hoje – persuasão ou manipulação?

Genericamente, retórica entende-se pela disciplina consagrada ao ensino da arte de bem falar. Desde o séc. V a.C., a retórica constituiu um dos principais fundamentos da formação humanística dos jovens. Em consequência do desenvolvimento da retórica pública entre os sofistas, a retórica passou a ocupar um lugar primordial no período final do currículo escolar, apesar da reacção anti-sofista de Platão.
Para Górgias, um sofista daquela época, a retórica caracterizava-se pela “arte de persuadir pela palavra os participantes de qualquer espécie de reunião política e tem por objecto o justo e o injusto. Ela proporciona a quem a possui ao mesmo tempo liberdade para si próprio e domínio sobre os outros na cidade”, em que “o orador conseguirá que o prefiram a qualquer outro, porque não há matéria sobre a qual um orador não fale, diante da multidão, de maneira mais persuasiva do que qualquer profissional”. Aqui não estão subjacentes os conceitos de razão e de verdade, mas sim de manipulação, isto é, convencer o outro da sua tese independentemente de ela estar assente em factos reais e verídicos ou não. Estas técnicas eram ensinadas aos jovens com vista a ascenderem na carreira política. Os pontos de vista filosóficos que os sofistas tratavam prendiam-se pela origem do conhecimento e a possibilidade do homem conhecer. No entanto todos eles eram cépticos quanto ao conhecimento, sendo este relativo ao sujeito. Assim, não havia uma verdade universal, mas sim particular, de acordo com as opiniões e crenças de cada um. Logo, embora os sofistas ensinassem tudo isso, eles próprio duvidavam constantemente do mesmo, o que faz com que, de certa forma, eles não acreditassem naquilo que alegavam ensinar.
Platão oponha-se a esta forma manipuladora de conceber a retórica. Ele dizia que o orador só consegue ser persuadido se o auditório não for conhecedor da matéria que está a ser tratada, porque se for ele não consegue ser mais persuasivo que um profissional. A postura de Platão quanto à retórica era totalmente diferente, este considerava que é a partir da argumentação e da dialéctica, e através da razão, que se pode chegar à verdade. Ou seja, Platão via a retórica como uma actividade empírica, com a finalidade de provocar na audiência um sentimento de prazer e de agrado. Para isto tem que se partir de uma base racional e ter como objectivo primordial o bem.
A retórica variou ao longo de sucessivas reinterpretações, por vezes polémicas, em função dos tempos e das pessoas que sobre ela teorizaram, a aprenderam ou ensinaram. Mas agora, resta-nos saber como vemos a retórica nos dias de hoje, e que papel assume nas diferentes áreas do saber, bem como nos diferentes ramos da sociedade.
Começando por um exemplo que nos é bastante familiar, a escola, e alertando para o facto do nosso regime político ser a República; a informação é-nos transmitida de acordo com um programa previamente estipulado, baseado em factos científicos. Esta tem como principal função que os alunos adquirem conhecimentos que serão úteis para o seu futuro; pelo que se depreende que aqui haja somente persuasão. Não lhes é incutido que pensem de uma determinada forma, mas pelo contrário, que tenham espírito crítico e que pensem por eles próprios. Em oposição encontram-se os regimes de ditadura em que eram, e em alguns países ainda são, incutidas nas crianças apenas os ideais daquele regime político, como que a não lhes darem espaço e oportunidade para terem as suas próprias ideias, mas pelo contrário, levarem-nas a agir do modo que se adeqúe mais aos seus interesses; este é um exemplo claro de manipulação.
Outro exemplo de pura persuasão é a ciência, isto é, as teorias científicas credíveis e comprovadas, com o simples e único intuito de descobrir um pouco mais sobre o que nos rodeia e dar mais respostas à humanidade. Uma vez que, a ciência, bem como outras áreas da nossa sociedade, podem também ser usadas como pretexto para certos tipos de manipulação, o que mencionarei mais à frente.
Um lugar onde devia prevalecer a persuasão acima de tudo, e onde tudo se vê menos persuasão, é sem dúvida a política. Aqui a argumentação é fundamental, mas entenda-se por argumentação válida e não falaciosa, como é óbvio. No entanto, este conceito de argumentação deve ter sofrido bastantes alterações no vocabulário dos políticos; pois, actualmente, o principal não é mostrar que eles são bons candidatos porque fizeram isto e aquilo ou porque acreditam e defendem certos ideais, mas sim, porque o outro não fez aquilo que devia ter feito, não defendeu aquilo que devia ter defendido. Apenas num simples discurso são mais as falácias, principalmente ad hominem, do que propriamente argumentos válidos e sólidos; mas pelo menos temos que ver o lado bom da questão, os políticos estão preocupados com o nosso desempenho na disciplina de filosofia, tornam as nossas aulas cada vez mais ricas, pois exemplos de falácias é coisa que não nos falta! Para além de todo este panorama, é a maneira impressionante de como os membros do governo manipulam tudo e todos. Tomemos como primeiro exemplo o caso das escutas que envolveram certas personalidades, entre as quais o Primeiro Ministro, várias opiniões surgiram no que conta à publicação das mesmas de modo a ilibá-lo, o facto é que depois de muita controvérsia, todo este assunto foi abafado e nada chegou até ao público; mas realmente até têm uma certa razão, robalos é coisa que não interessa a ninguém! Outro caso é o da Casa Pia, em que os membros relacionados com o governo e que foram acusados, imediatamente foram ilibados; enquanto todos os outros começaram a ser julgados, e mesmo assim, passados dez anos, ainda conseguem arranjar novas provas, sabe-se lá de onde, como álibis.
Continuando por todo este sector, chegam-nos os tribunais, onde a palavra “persuasão” devia ser considerada praticamente sagrada. No entanto, todos os dias nos deparamos com casos onde as provas existentes são totalmente manipuladas e onde as inexistentes surgem-nos quase que por magia. O que nos deixa um pouco apreensivos quanto ao nosso modelo de justiça, bem como à forma como é aplicada.
Por outro lado, também nos surgem os meios de comunicação, uma vez que não há melhor forma de chegar às populações do que através dos jornais, das revistas, da rádio e da televisão. Remetendo para os noticiários, estes possuem praticamente um total controlo sobre a maior parte de informação que chega até às pessoas. Possuindo este poder, eles têm facilidade em fazer passar a imagem que pretendem sobre uma matéria, levá-las a pensar de uma certa forma; e isto está patente sob diversas maneiras. Uma primeira é o facto de cada vez se ver mais jornalistas a transmitirem a sua opinião pessoal e a prenunciarem-se sobre um determinado assunto; o que nesta profissão é completamente proibido, um dos princípios de um jornalista é nunca dar a sua opinião, quer de uma forma implícita ou explícita. Pelo que pudemos concluir que as notícias podem ser e são usadas como meio de manipulação; assim, estas não nos surgem todos os dias nos nossos ecrãs porque simplesmente houve algum acontecimento que revela importância, mas porque convém que apareçam. Por outro lado, quando há situações em que certos factos convém que sejam encobertos, lá aparecem outras notícias pelo meio, sem interesse praticamente nenhum, e que no entanto duram dias e dias. Um exemplo de tal foi o cancelamento do Jornal de Sexta, em que a jornalista Manuela Moura Guedes se pronunciava acerca de notícias relativas ao Governo, sobretudo do Primeiro-ministro. Notícias essas um pouco desagradáveis para os implicados, visto que uma mancha de tinta caía sobre os seus bons nomes e, pronto, não era bem! Outro exemplo similar foi o caso do programa “As Escolhas de Marcelo Rebelo de Sousa”, em que como as críticas começaram a ser excessivas, houve o cuidado de fazer com que apenas uma minoria visse o programa, assim este passou a não ter um horário fixo, até que foi completamente excluído da televisão pública.
Num panorama mais alargado, ainda remetendo para a situação anteriormente abordada, encontramos certos casos que se arrastam durante anos, que depois vão amainando, até que surgem outros novos; parecendo-se mais como uma forma de entreter as pessoas e deixá-las ocupadas a pensar noutros assuntos, para não se lembrarem realmente das situações cruciais. Um destes casos são, por exemplo, todas aquelas histórias de extraterrestres que durante muito tempo assolaram os Estados Unidos, tudo isto vai desde imagens, vídeos, desenhos até depoimentos de pessoas. Até se chegou ao ponto de transformar toda uma cidade numa atracção turística com esta temática, Roswell, e a serem realizadas séries dentro do mesmo assunto, como os “Ficheiros Secretos” e “Roswell”. A partir daqui pudemos colocar as seguintes questões: foi tudo isto realmente verdade, ou um rebuscado golpe de manipulação? O que está por detrás de tudo isto, interesses económicos ou a curiosidade de uns homenzinhos verdes em virem-nos visitar? Será que quando tudo isto se passou este era o maior acontecimento que se passava ou era apenas uma forma de encobrir algo ainda mais grandioso? Todas estas questões levam-nos mais além, será o FBI realmente uma grande polícia ou mais uma máfia ao serviço dos Estados Unidos? Se não é, por que é que então também existem crimes que de um momento para o outro desaparecem? E porque será que agora estão em voga certas séries, como a “Vingadora” e “Dollhouse”, que fazem de tudo para passar a imagem de que certas organizações, como a CIA, é que constituem as grandes máfias? Só acrescento o seguinte: a grande percentagem de filmes e séries vistos por todos nós vêm dos Estados Unidos, logo eles têm um grande poder e uma grande influência sobre como nós vemos a realidade que não nos está tão próxima, como os outros povos do mundo ou os grandes líderes mundiais.
Outro meio que nos influencia bastante é claramente a publicidade. O objectivo desta é persuadir o público-alvo de forma a levá-lo a adquirir um determinado bem ou produto; respeitando acima de tudo a dignidade humana, a língua, e as boas práticas sociais; encontrando-se no patamar mais elevado a verdade, em que no anúncio publicitário tudo tem que ser verídico e credível. No entanto, assistimos ao oposto, a publicidade cada vez mais se está a tornar num meio de persuadir as pessoas, apresentando qualidades que excedem o produto, impondo uma certa pressão às pessoas, colocando-as numa posição inferior perante a sociedade se não o adquirirem, e super valorizando aquele bem em detrimento de outros semelhantes. Todos os dias somos bombardeados com publicidade quer queiramos quer não, ao ver televisão, ouvir rádio, ler um jornal ou uma revista, passear na rua, conduzir, e até mesmo nos sítios em que é de todo impossível, lá aparece uma alma do outro lado da linha telefónica a tentar vender-nos alguma coisa.
Uma outra forma de manipular as pessoas é fazer-lhes chegar a mensagem através daquilo que lhes é familiar, e para isso nada melhor do que pegar nas suas crenças, ou seja, através da religião. Não irei abordar nenhuma em concreto, mas vou apenas mencionar alguns aspectos de diferentes religiões. Um dos casos prende-se com as aparições de Fátima, pelo que muitas pessoas pensam que foi uma manipulação do regime fascista para manter ocupadas as mentes das pessoas. Também temos os atentados terroristas por parte dos povos islâmicos, em que eles se suicidam matando consigo um elevado número de pessoas, pois acreditam que assim irão directamente para o paraíso sem punição dos pecados. Por outro lado, encontramos os suicídios colectivos levados a cabo normalmente por seitas, como foi o caso da passagem do cometa Halley, em que os 39 membros da seita “Heaven’s Gate” foram para um rancho e se suicidaram na esperança de irem na cauda do cometa.
Todos os exemplos até agora mencionados foram de casos em que as pessoas de certa forma se conseguem aperceber que estão a ser manipuladas. Contudo, existem casos no mundo em que pessoas são manipuladas sem se aperceberem de nada; julgando que aquilo que fazem é o correcto. Tomemos como exemplo um grupo de monges de um templo Hindu na Índia, onde convencem as mulheres a oferecerem os seus cabelos a um santo protector, em troca de uma vida melhor. Até aqui tudo bem, porque cada um é livre de ter as suas crenças; no entanto, o grave da questão é que esses mesmos cabelos são vendidos pelos monges para os Estados Unidos, a preços elevados, para o fabrico de perucas e bonecas. Outro exemplo bastante conhecido é o tráfico de pessoas, sobretudo de mulheres, jovens e crianças, em que entre promessas de uma vida melhor são completamente manipulados, acabando por entrarem em redes de prostituição e pornografia.
A partir daqui colocam-se-nos as seguintes questões: até onde pode ir a manipulação? Até onde temos o total discernimento de que pudemos estar a ser manipulados? A partir de que ponto é que já não nos conseguimos aperceber de que estamos a ser manipulados?
Será que toda esta pandemia da gripe A não foi uma mera manipulação? A partir da gripe das aves toneladas de tamiflu ficaram armazenadas sem qualquer saída para o mercado. E agora o que fazer com todo este prejuízo? Os grandes laboratórios não concebiam arcar com ele, por isso a única solução era aparecer uma nova doença para a qual eles fossem necessários, e daí surgiu a gripe A. Assim, os tamiflu já conseguiam ser vendidos, e para ainda obterem mais lucro foram desenvolvidas vacinas que todos os governos compraram; e que agora, acalmado todo este tumulto, e não tendo saída estão a vender para os países pobres. O aparecimento desta doença gerou o pânico nas populações, e este foi alimentado pelos media e pela indústria farmacêutica. Para além de tudo isto ainda sobrou lucro para as indústrias de desinfectantes, que cada dia surgiam com um novo produto. Outro exemplo é o caso Maddie, em que a polícia portuguesa manipulou os media portugueses, os pais manipularam os media ingleses, os governos de ambos os países também se envolveram, e a justiça até hoje ainda não resolveu o caso.
A alimentação é outro caso bastante pertinente de manipulação. Quando uma indústria recolhe quantidades excessivas de um certo alimento, para este não baixar de preço e consequentemente se perder lucro, as quantidades excessivas são destruídas. Outra questão também muito caricata é o facto de um certo alimento durante um determinado período de tempo ser aquele que melhor faz à saúde, depois deixa de o ser, e se for preciso volta a sê-lo novamente. Pelo que depreendemos que a causa para tal não seja a saúde pública mas sim interesses económicos. Será que foi preciso chegar a 2010 para que a água do Douro começasse a matar os polvos? Porque é que o mesmo não se sucedeu nas maiores cheias de sempre das décadas de 60 e 70? Como é que uma pequena quantidade de água doce comparada com a imensidão de água salgada do oceano consegue atacar tantas toneladas de uma única espécie? Será mais uma vez manipulação, ou será que os polvos se andaram a portar mal?
Tudo isto para chegar à conclusão de que a nossa sociedade tem tanto de manipulação como tanta água tem os oceanos. Em que por mais cristalina que seja a informação há sempre certos componentes que passam despercebidos. E de persuasão como água no deserto, em que quando pensamos que ela está mesmo ali à nossa frente…não passa de uma miragem.

Maria Inês Lobo Almeida